Conferência na Escola Secundária Inês de Castro.
O olhar contribui significativamente para a detecção da mentira e as mulheres são mais assertivas nesse procedimento, disse hoje no Porto o Director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção, da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade Fernando Pessoa.
O Prof. Freitas-Magalhães, que proferiu a conferência a "Biopsia psicológica da face: contributos para a detecção da mentira", na Escola Secundária Inês de Castro, revelou que aquela é uma das conclusões do estudo empírico "O efeito do olhar na detecção da mentira: estudo empírico com portugueses", desenvolvido por aquela instituição.
Participaram neste estudo 2 304 portugueses (1152 homens e 1152 mulheres), dos 18 aos 80 anos. O procedimento consistiu na identificação e reconhecimento da mentira através de histórias verdadeiras e falsas às quais era associado um determinado tipo de olhar (directo, evasivo, objectivo, direito, esquerdo, frente, perfil, miose, midríase, normal, para cima, para baixo, ao centro ) extraídos da F-M Portuguese Face Database (F-MPF, 2003) (uma base de dados de expressões faciais criada pelo Professor Freitas-Magalhães).
Segundo os dados revelados por aquele especialista, num auditório com mais de três centenas de pessoas, o padrão de identificação da mentira foi a exibição mais frequente, e por esta ordem, da intensidade (midríase e miose), da incidência (evasivo), da inclinação (para baixo, para cima) e da lateralidade (perfil). As mulheres, independentemente da faixa etária, são as mais assertivas na identificação e reconhecimento da mentira, particularmente na faixa etária dos 25 aos 45 anos.
O estudo revela, ainda, variações dos tipos de olhar associados à mentira a partir dos 45 anos.
Para o Director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção (FEELab/UFP), este estudo "vem confirmar a validade da análise do olhar na detecção da mentira e tem, por consequências, aplicações sociais muito importantes, como, por exemplo, em contexto forense". As conclusões deste estudo serão apresentadas na próxima convenção da American Psychological Association (APA), que se realizará em San Diego, nos Estados Unidos, em Agosto.
O Prof. Freitas-Magalhães, que acaba de ser distinguido por diversas entidades internacionais pelo "pioneirismo e inovação" do seu trabalho científico, como por exemplo o governo do Reino Unido no âmbito do "Global Partnership Programme", e coordena, desde 2008, o projecto universitário internacional "The Brain and The Face", é o único psicólogo português que estuda as funções e repercussões do sorriso no desenvolvimento das emoções e das relações interpessoais e já estudou o efeito do sorriso na percepção psicológica da afectividade, dos delinquentes, dos estereótipos, e nas diferenças de género, idade, da cor da pele e de gémeos e o reconhecimento das emoções básicas através da expressão facial em diferentes grupos etários (bebés, crianças, jovens, adultos e idosos), em deficientes mentais, em depressivos, em dependentes de heroína e cocaína, em mulher durante o ciclo menstrual, na menopausa, na publicidade, em políticos, em jogadores de futebol, o orgulho e o efeito das lágrimas. É autor das pioneiras F-M Portuguese Face Database e Escala de Percepção do Medo e dos únicos livros em Portugal sobre a problemática, genericamente intitulados "Emotional Expression: The Brain and The Face", "A Psicologia do Sorriso Humano" e "A Psicologia das Emoções: O Fascínio do Rosto Humano".